INDÚSTRIA DO PETRÓLEO ENFRENTA QUEDA NO VOLUME DE DESCOBERTA DE NOVOS RECURSOS E IMPÕE DESAFIO NA REPOSIÇÃO DE RESERVAS 53i6t
A indústria de perfuração está ando por mudanças significativas. Um novo levantamento da Westwood Energy indica que as taxas de sucesso de perfuração aumentaram com a redução no número de poços perfurados, mas o volume de recursos descobertos em poços de exploração de alto impacto entre 2020 e 2024 caiu 62% em relação ao período de 2010 a 2014. A contribuição dessas descobertas para a reposição da produção global de hidrocarbonetos convencionais também caiu drasticamente — de 33% para apenas 11% — enquanto a produção mundial continuou em crescimento. Apesar da maior eficiência, o declínio nos volumes descobertos reflete uma redução nas oportunidades globais, que não estão sendo renovadas com projetos de grande escala.
A atividade de perfuração de alto impacto manteve-se notavelmente estável nos últimos cinco anos, com uma média de 77 poços por ano e variação inferior a 15%, mesmo diante da volatilidade dos preços das commodities e da cautela das empresas diante das incertezas sobre a demanda no longo prazo. Em 2024, foram concluídos 75 poços desse tipo, com 19 descobertas potencialmente comerciais totalizando 5,2 bilhões de barris de óleo equivalente, representando uma taxa de sucesso comercial de 25%. Os principais achados do ano ocorreram no Kuwait, Rússia, Costa do Marfim e Namíbia.
“Desde 2015, o cenário corporativo se transformou: o número de empresas envolvidas nesse tipo de perfuração caiu pela metade. As empresas estatais dominaram o setor em 2024, respondendo por 51% da participação nos poços e por 67% dos recursos descobertos. Por outro lado, as supermajors enfrentaram um ano difícil, com taxa líquida de sucesso comercial de apenas 5%, alcançando apenas uma descoberta comercial clara entre os 29 poços de alto impacto nos quais estiveram envolvidas”, declarou o gerente de pesquisa de exploração da Westwood, Jamie Collard.
A exploração de alto impacto também avançou para águas cada vez mais profundas. Entre 2020 e 2024, 9% dos poços foram perfurados em lâminas d’água superiores a 2.500 metros, frente a 6% no período de 2010 a 2014. No entanto, os resultados foram decepcionantes: a taxa de sucesso nessas águas ultraprofundas caiu de cerca de 20% para apenas 3%, com apenas um sucesso em 35 poços perfurados. Isso levanta dúvidas sobre possíveis falhas sistêmicas nos conceitos geológicos utilizados.
Ainda assim, a indústria atingiu uma taxa de sucesso comercial de 27% no período de 2020 a 2024, bem acima dos 21% registrados entre 2010 e 2014, apesar da redução de 49% na atividade de perfuração. Esse desempenho reforça a ideia de uma estratégia de “qualidade pela escolha”, com foco nos melhores prospectos. Contudo, o tamanho médio das descobertas caiu de 545 milhões para 320 milhões de barris de óleo equivalente, com menos descobertas acima de 1 bilhão de barris.
“A expectativa é que a exploração de alto impacto se mantenha estável em 2025, com cerca de 75 poços a serem concluídos. O setor se consolidou com metade do tamanho de uma década atrás, mais eficiente e mais dependente das estatais e grandes petrolíferas para investimentos. Para reverter a queda nos volumes descobertos, será necessário explorar novas bacias e conceitos geológicos, o que exigirá criatividade, novas tecnologias e disposição para correr riscos“, concluiu Jamie Collard.
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